terça-feira, 27 de novembro de 2007

Os dentes perdidos de Chet Baker

I


Ancorado na terra de ninguém
com tantas coisas novas na vida:
a recordação da ternura,
duas irmãs e eu no meio,
tipos duros.


Eu, claustrofóbico
em busca da paz interior,
drogado e suicida
abandonando os bons costumes.


Eu, homem de negócios
amassado pela merda
e por amantes fulminantes,
ancorado na terra de ninguém
onde grandes seres espirituais
me visitam.


Solitário, resistindo.
Um dia estava esgotado
recuperando a fé diante
da vida que tinha no sótão.


Eu, aquele que revolve merda,
filho do caos.
Oh arte!


II


Não há mais o que fazer.
Estrelas e babacas
saiam das jaulas!
Meu cú corre perigo.


Alegre, livres e ruidosas,
as duvidas são muitas.
Algumas coisas perduram:
Oklahoma,
dias de ciclone,
lua cheia na cobertura,
as portas de Deus,
a serpente, o quarteirão
e eu.


Muito barulho ao meu redor
mesmo que agarre o touro com as unhas
o bobo continua na fábrica,
deixando pra trás o inferno,
amos e escravos.
Salve-se quem puder.
Oh música!


III


Saboreio a mim mesmo
com “Bird” na minha cela.
Dê-lhe uma punhalada!
O aprendiz
mórbido muito mórbido
na inesquecível noite
de merda e ratos.


Loucos e mendigos
e o regresso do marinheiro,
salvação e perdição.
Só me falta
o cassino da esperança
e eu sendo o mais infiel.


Visão sobre os escombros.
Chicotes, muitos chicotes
no triângulo das pitonisas
e dos canibais.


Os ferros do morto
e no final da capitania hereditária
sempre haverá um
“Filho da puta” por perto
que salta pela janela.
Oh salvação!


Com licença de Pedro Juan Gutiérrez
e sua Trilogia suja de Havana